8 de outubro de 2010

História da Cerveja.

Muitos dos hábitos e das possibilidades que hoje cercam a cerveja brasileira são resultado de uma longa e lenta evolução. Muita coisa mudou – inclusive a própria bebida – desde que os primeiros barris desembarcaram no Rio de Janeiro, nos porões dos navios que trouxeram a Família Real portuguesa para o exílio no Brasil, em 1808. Sabe-se que o próprio príncipe regente Dom João, notório apreciador da cerveja, foi um dos principais responsáveis por sua difusão. É verdade que a cerveja consumida por Sua Alteza não era exatamente o líquido dourado, brilhante e leve que os brasileiros aprenderiam a saborear. Em vez das loiras geladas, o príncipe apreciava as marcas mais morenas e encorpadas, típicas da Inglaterra. Uma questão de preferência motivada, talvez, pelo desconhecimento de outras possibilidades.

Até chegar ao atual estágio, a cerveja – uma das bebidas mais antigas do mundo – percorreu um longo caminho. Muita gente ainda acredita que o líquido tenha se originado na região da atual Alemanha, de onde teria se espalhado para o restante da Europa durante a Idade Média. A história não é bem essa. Pode-se dizer, sem exagero, que a evolução da bebida confunde-se com a própria história da civilização.
Segundo alguns pesquisadores, mesmo antes de surgirem as primeiras aldeias na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde é hoje o Iraque, por volta do ano 3500 a.C., nossos ancestrais já consumiam um líquido alcoólico resultante da fermentação de cereais imersos em água. O que se sabe, com certeza, é que a humanidade aprendeu a fazer cerveja tão logo descobriu uma forma de armazená-la e antes mesmo de dominar a arte de fazer o pão.
Os sumérios e os babilônios foram os primeiros a legar para as gerações posteriores um registro de como se fabricava a bebida. Um monumento conhecido como Pedra Azul, que se encontra hoje exposto no Museu do Louvre, em Paris, datado dos primórdios da civilização suméria, contém inscrições sobre como se produzia a cerveja. Conforme registros que datam de cinco milênios atrás, esses povos dominavam os processos produtivos de mais ou menos 20 tipos de cervejas diferentes. O principal deles dava origem a uma bebida conhecida como Sikaru, utilizada para honrar os deuses e para alimentar os doentes.
O certo é que a cerveja logo se popularizou entre os povos antigos e não tardou a ultrapassar os limites da Mesopotâmia. Dali, o líquido precioso chegou ao Egito, onde passou a ser produzido em larga escala. Arqueólogos que conduziram escavações nas tumbas dos faraós, em meados do século XIX, encontraram entre os objetos de ouro e dos outros tesouros sepultados ao lado os soberanos, cestos e mais cestos abarrotados com os cereais utilizados na produção da cerveja. Um papiro, escrito há mais de mil anos da era cristã, tratava do processo de produção de uma bebida forte, chamada Dizythum, e de uma outra mais fraca, batizada de Busa. Em 1990, descobriu-se nas escavações do Templo do Sol, da rainha Nefertiti, uma enorme cozinha onde se produzia a cerveja à base de cevada, que ainda hoje é o principal malte utilizado na fabricação das cervejas.
Tudo isso dá uma idéia do prestígio que a bebida tinha entre um dos povos mais evoluídos da Antiguidade. E mais: há registros de que a cerveja era distribuída aos trabalhadores que ergueram as pirâmides – com o objetivo de relaxá-los. Ou seja, desde os tempos mais remotos, o hábito de tomar uma cervejinha depois do batente já era considerado saudável. Tudo isso comprova que os egípcios, de fato, eram mais sábios do que se imagina.
Inspiração divina
De uma forma ou de outra, as bebidas alcoólicas produzidas a partir da fermentação de cereais e outras plantas eram conhecidas em diversas partes do mundo. Em algumas regiões da África, produziam-se bebidas a partir de gramíneas nativas como o sorgo e o milheto. Os chineses dominavam um processo de fabricação mais avançado do que o egípcio e produziam uma cerveja à base do arroz. A civilização asteca, que floresceu onde hoje é o México, e os próprios índios que viviam nas matas que viriam a se tornar o Brasil tinham suas bebidas fermentadas.
O líquido criado pelos habitantes primitivos era obtido a partir da fermentação da mandioca. Mas o certo mesmo é que o processo do qual se originou a cerveja que hoje conhecemos foi aquele desenvolvido no Egito e que chegou à Europa no alvorecer da Era Cristã, levado pelos conquistadores romanos, que se encarregaram de espalhá-lo pelo seu vasto império. No século I d.C., a cerveja já era produzida pelos antepassados dos alemães e dos franceses. E logo alcançou outras regiões do continente.
A Idade Média, vista por muita gente apenas como um período de trevas, também teve seus momentos iluminados. Foi naquela época, mais precisamente entre os anos 700 e 800, que a cerveja passou a ser produzida nos mosteiros e deu os primeiros passos para tornar-se esta bebida nobre, de sabor ligeiramente amargo. Foram os monges da era medieval os responsáveis pela adição do lúpulo à fórmula da cerveja – o que, sem dúvida alguma, deve ser visto como um sinal de inspiração divina. Hoje, as dezenas de variedades dessa planta estão presentes na grande maioria das cervejas conhecidas no mundo. A intervenção dos monges representou um passo importante não só no aperfeiçoamento do sabor, mas também na conservação da bebida.
As cervejas mais antigas, preparadas segundo um processo extremamente rudimentar, tinham um ciclo de vida muito curto. Adicionava-se água ao malte e, depois, alguns aromatizantes que podiam ser a camomila, o coentro, a canela, o gengibre, o zimbro, o açafrão e até mesmo o pêssego. Essa mistura era posta para fermentar – e nesse processo se formava o álcool e o gás carbônico característicos da bebida. Os monges descobriram que o lúpulo não apenas empresta à cerveja o sabor amargo que a caracteriza nos dia de hoje como, também, impede que se deteriore num período muito curto de tempo. Ou seja, além de sofisticar o gosto, esse ingrediente comprovou-se um conservante natural e de ótima qualidade.
Graças à adição do lúpulo à sua receita, a bebida se disseminou pela Europa, vindo a adquirir, com o tempo, as características regionais que deram fama às cervejas de diversas partes do mundo. A Inglaterra, a Irlanda, a Holanda e a Bélgica são berços de algumas cervejas de excelente qualidade e de ótima reputação. Nem todas, no entanto, são feitas da mesma maneira.
Assim como os antigos egípcios tinham a Dizythum, uma bebida mais forte, e a Busa, mais suave, as cervejas modernas também se dividem, basicamente, em duas grandes famílias. De um lado estão as do tipo Ale, como são conhecidas as cervejas de alta fermentação. Do outro, as Lager, de baixa fermentação. É desse segundo ramo genealógico que se origina o tipo de cerveja mais apreciado no Brasil.
Bebida shakespeariana
Em sua obra, Willian Shakespeare faz 14 menções à palavra “Ale” e cita cinco vezes a palavra “beer.” Isso nos leva a duas conclusões: uma é que no tempo de Shakespeare – ele viveu de 1564 a 1616 – a cerveja já era uma bebida muito popular; a outra é que além de gênio, o dramaturgo era um homem de bom gosto.
Cerveja – um produto natural - A cerveja, produzida e consumida pelo homem há milênios, foi, provavelmente, descoberta por acaso, quando uma mistura de água e cereais entrou espontaneamente em fermentação e foi provada e aprovada por alguém.

Desde então, o homem vem aprimorando sua descoberta. Muito antes de o conhecimento científico começar a ser estabelecido, as civilizações européias desenvolviam as técnicas de produção de cerveja, utilizando-se, para isso, da seleção permanente das matérias-primas e aprimoramento dos procedimentos de fabricação. Surgia assim a arte cervejeira, profundamente enraizada na cultura de países como Alemanha, Bélgica e Tchecoeslováquia.

Particularmente na Alemanha, a evolução das técnicas de produção de cerveja deu-se à luz de uma antiga lei, Reinheitsgebot, ou Lei da Pureza, proclamada em 23 de abril de 1516, segundo a qual para a produção de cerveja apenas quatro insumos seriam permitidos: a água, o malte, o lúpulo e o fermento. Até hoje, na Alemanha, essa lei está em vigor e determina os procedimentos permitidos na indústria para a produção de cerveja. Nos demais países, embora sem o peso da Lei da Pureza e contando com a possibilidade de substituir parcialmente o malte por outros cereais, a tradição de produzir cerveja apenas com componentes naturais permanece e é motivo de orgulho para a indústria.
Degustação
O que avaliar?
*Espuma
*Aroma
*Cor
*Sabor
*Brilho
*Corpo

Como degustar uma cerveja?
Saborear uma cerveja é uma arte, e como todas as artes necessita de um aprendizado e de um estado de espírito.
1. Observar a cor e o brilho.          2. Observar a espuma.
3. Sentir o aroma.                          4. Sentir o sabor e o corpo.


Matérias-primas
 São quatro os elementos fundamentais para produzir cerveja: água, malte, lúpulo e fermento. Modernamente, em países que não a Alemanha, cereais como milho, arroz e trigo também são utilizados, em substituição parcial ao malte. O açúcar, em pequenas proporções, também pode ser adicionado.
 Água
Em quantidade, a água é o principal componente da cerveja. A excelência da água já foi um detalhe que tinha influência decisiva sobre a qualidade da cerveja. Hoje, pode-se dizer que a tecnologia se encarrega de garantir a pureza e a quantidade adequada de sais minerais. Agora, o detalhe mais surpreendente de todos: nos últimos anos, com as técnicas mais modernas de filtragem e de mineralização, a água utilizada na produção de boa parte da cerveja feita em qualquer uma das fábricas da AmBev é praticamente igual à água da região de Pilsen, de onde se origina o tipo de cerveja mais apreciado no país. Atualmente, todas as cervejas de uma determinada marca utilizam em sua fórmula exatamente a mesma água.
Malte
O malte utilizado em cervejaria é obtido a partir de cevadas de variedades selecionadas especificamente para essa finalidade. A cevada é uma planta da família das gramíneas – parente próximo do trigo – e sua cultura é efetuada em climas temperados. No Brasil, é produzida em algumas partes do Rio Grande do Sul durante o inverno; na América do Sul, a Argentina é grande produtora.
Após a colheita da safra no campo, os grãos (sementes) de cevada são armazenados em silos, sob condições controladas de temperatura e umidade, aguardando o envio para a maltaria – indústria que faz a transformação da cevada em malte. Este processo consiste, basicamente, em colocar o grão de cevada em condições favoráveis à germinação, deixar que ela ocorra, e interrompê-la tão logo o grão tenha iniciado o processo de criação de uma nova planta. Nessa fase, o amido do grão apresenta-se em cadeias menores que na cevada, o que o torna menos duro e mais solúvel, e, no interior do grão, formam-se enzimas que são fundamentais para o processo de fabricação de cerveja. A germinação é então interrompida por secagem a temperaturas controladas, de modo a reduzir o teor de umidade sem destruir as enzimas formadas.

Malte, portanto, é o grão de cevada que foi submetido a um processo de germinação controlada para desenvolver enzimas e modificar o amido, tornando-o mais macio e solúvel. Utiliza-se, nesse processo, estritamente, as forças da natureza, que proveu as sementes da capacidade de germinar para desenvolver uma nova planta. Tudo o que o homem faz nesse processo é controlar as condições de temperatura, umidade e aeração do grão.
Lúpulo
O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma trepadeira perene, cujas flores fêmeas apresentam grande quantidade de resinas amargas e óleos essenciais, os quais conferem à cerveja o sabor amargo e o aroma que caracterizam a bebida. É o tempero da cerveja e um dos principais elementos que os mestres cervejeiros dispõem para diferenciar seus produtos dos demais. A quantidade e o tipo (variedade) de lúpulo utilizado é um segredo guardado a sete chaves pelos cervejeiros.
Trata-se de uma cultura dos climas frios do hemisfério norte, sendo os países do norte europeu e os Estados Unidos os grandes produtores. No Brasil não existem condições climáticas adequadas à produção de lúpulo, e todo o suprimento nacional é importado da Europa e Estados Unidos.
A forma mais comum de utilização do lúpulo é em pellets, que nada mais são do que pequenas pelotas obtidas a partir da prensagem das flores. Consegue-se, assim, reduzir substancialmente os volumes de lúpulo a transportar, mantendo-se as características originais e puras das flores. Mas nada impede que a flor seja adicionada à cerveja na sua forma original, conforme colhida na lavoura.
Fermento
Fermento é o nome genérico de microorganismos, também conhecidos por leveduras, que são utilizados na indústria cervejeira graças à sua capacidade de transformar açúcar em álcool. Especificamente, a levedura utilizada em cervejaria é a espécie Saccharomyces Cerevisiae e cada cervejaria possui sua própria cepa . Embora todas as cepas façam basicamente o mesmo trabalho, de transformar açúcar em álcool e gás carbônico, o sabor do produto obtido difere de uma cepa para outra, em virtude de pequenas diferenças de metabolismo e conseqüente formação de substâncias capazes de conferir aroma e sabor ao produto, mesmo estando presentes em quantidades muito pequenas. O fermento é portanto elemento essencial para a produção de cerveja.
Outros cereais
Na maioria dos países, Brasil inclusive, é hábito substituir parte do malte de cevada por outros cereais, também chamados de adjuntos. Consegue-se, dessa forma, uma vantagem econômica, caso o cereal substituto seja mais barato que o malte, e produz-se uma cerveja mais leve e suave que a obtida exclusivamente com malte de cevada. Os adjuntos normalmente usados para esse fim são o arroz e o milho, embora seja possível adotar qualquer fonte de amido.
Tipos de Cerveja
Existem no mundo basicamente duas grandes famílias de cerveja – a Ale, termo utilizado para designar as cervejas de alta fermentação, e a Lager, de baixa fermentação. Produzidas, especialmente, na Inglaterra e na Bélgica, as Ale são bebidas mais encorpadas e podem ser consumidas à temperatura ambiente ou apenas refrescadas. O processo de fermentação se dá à temperatura ambiente. Um terceiro, o das weizenbier – as cervejas de trigo – não contém variações suficientes para ser considerado uma família. Originária da Alemanha e produzida na Bélgica e em outros países da Europa, a weizenbier é fabricada com malte de trigo e leveduras especiais 5.

Os principais tipos de Ale são:
Altbier – De aroma leve, com um toque de cacau proveniente do malte torrado, a receita da Altbier caracteriza-se pela grande quantidade de lúpulo. A cor tende para os tons mais escuros.
Barley Wine – A tradução literal do nome dessa cerveja é “vinho de cevada”porque pode, ao contrário da maioria das cervejas, ser guardada por muitos anos. É forte e tem sabor intenso de malte e de lúpulo.
Belgian Ale – É a designação genérica das cervejas produzidas na Bélgica, geralmente por processos artesanais. Têm cores e sabores variados e dividem-se em vários tipos, das witbier, suaves e temperadas com especiarias, às lambic, à base de trigo e fermentadas com leveduras selvagens. As lambic podem ser estocadas por até três anos.
Bitter – O nome já indica a principal característica desta cerveja: bitter, em inglês, quer dizer acre, amargo. Essa característica fica mais acentuada à medida que aumenta a quantidade de lúpulo na receita. A cor vai do âmbar ao cobre.
Brown Ale – Foi a primeira cerveja fabricada na Inglaterra. É escura, tem pouco teor de lúpulo (sendo, portanto, de baixo amargor) e sabor adocicado de nozes.
Pale Ale – Era o termo utilizado na Inglaterra para descrever as cervejas mais claras do que as Brown Ale. Tem cor de cobre. Atualmente, vários tipos de cerveja se abrigam sob a designação Pale Ale. Elas podem ser Mild Ale, mais suaves, ou mais amargas como a Indian Pale Ale e a American Pale Ale.
Porter – É feita com malte torrado, o que pode transferir para a cerveja aromas de chocolate e de café. A cor varia do castanho ao preto.
Stout – é uma cerveja bem escura, preta. Pode ser do tipo Dry Irish (cerveja de origem irlandesa, seca, encorpada e cremosa, com sabores de caramelo e café); Foreign Style Stouts (semelhante à Dry Irish, com maior teor alcoólico) e a Imperial Stouts (alto teor alcoólico e sabor frutado, doce ou semidoce.) No Brasil, a referência de Stout é a Caracu.
Scottish Ale – A cor vai do ouro ao castanho e o sabor pode ser doce, maltado ou até mesmo defumado.
Abadia – É uma cerveja de alta fermentação. Possui um sabor surpreendente, resultado do equilíbrio ideal entre o amargor, a doçura e o teor alcoólico. Outra característica marcante é seu aroma de especiarias.
De origem alemã, a cerveja Lager tem como principal característica o fato de sua fermentação se dar a baixas temperaturas – de até 2ºC – em contraste com a Ale, na qual esse processo pode se dar até mesmo à temperatura ambiente. Os principais tipos são:
Bock – É uma cerveja escura, originária do norte da Alemanha, de sabor mais para o doce do que para o amargo, e alto teor alcoólico. Uma variedade conhecida como Doppelbock (bock dupla) tem gradação alcoólica de até 7,5o. Outra, ainda mais forte – de até 14o – é a Eisbock. Essas cervejas são congeladas e depois o gelo é retirado, o que aumenta a gradação alcoólica.
Münchener – O nome significa “de Munique.” É uma cerveja escura ou preta e pode ser bem leve. Tem um sabor forte, de malte, puxado para o café.
Pilsen – Cerveja originária da região da Boêmia, hoje parte da República Tcheca. Sua principal característica é a cor dourada e translúcida. Em sua fórmula original, tem sabor suave e um aroma acentuado de flores, com presença acentuada do lúpulo. Comparada com a cerveja do tipo Pilsen, mais popular no Brasil, é uma cerveja de sabor ligeiramente mais amargo.
Fabricação

A primeira fase do processo produtivo ocorre na chamada sala de fabricação, onde as matérias-primas (malte e adjuntos) são misturadas em água e dissolvidas, para que se obtenha uma mistura líquida açucarada chamada mosto, que é a base para a futura cerveja.


Os processos envolvidos são:
*Moagem do malte e dos adjuntos
*Mistura com água
*Aquecimento para facilitar a dissolução
*Transformação do amido em açúcar pelas enzimas do malte
*Filtração para separar as cascas do malte e dos adjuntos
*Adição do lúpulo
*Fervura do mosto para dissolução do lúpulo e esterilização
*Resfriamento

O processo de produção do mosto baseia-se exclusivamente em fenômenos naturais, tendo grande semelhança com o ato de cozinhar. A fase fundamental é a transformação de amido em açúcar por meio das enzimas do malte. Enzimas são substâncias que ocorrem na natureza e que são a chave da vida: todos os fenômenos envolvendo os seres vivos – respiração, crescimento, procriação, etc. – são regulados por enzimas.
Fermentação - Após o resfriamento, o mosto recebe fermento e é acondicionado em grandes tanques, chamados de fermentadores, dando início à fase de fermentação. Nessa fase, o fermento transforma o açúcar do mosto em álcool e gás carbônico, obtendo, assim, a energia necessária à sua sobrevivência. Esse fenômeno é similar à respiração. É muito importante o controle preciso da temperatura, normalmente entre 10º C e 13º C, durante todo o processo de fermentação, pois somente nessas temperaturas baixas o fermento produzirá cerveja com o sabor adequado.
A fermentação é certamente a fase mais importante para o paladar da cerveja, visto que, paralelamente à transformação de açúcar em álcool e gás carbônico, o fermento produz outras substâncias, em quantidades muito pequenas, responsáveis pelo aroma e o sabor do produto. O desenvolvimento das técnicas de análise química nos últimos anos permitiram obter uma visão mais completa da composição da cerveja. Em uma cerveja tipo Pilsen, pode-se encontrar mais de 3 mil compostos químicos diferentes, a maior parte deles originada durante a fermentação. É, portanto, durante a fermentação que o caracter da cerveja é formado.
Maturação - Uma vez concluída a fermentação, a cerveja é resfriada a zero grau, a maior parte do fermento é separada por decantação (sedimentação), e tem início a fase de maturação. Nela, pequenas e sutis transformações ocorrem, que ajudam a arredondar o sabor da cerveja. Algumas substâncias indesejadas, oriundas da fermentação, são eliminadas e o açúcar residual é consumido pelas células de fermento remanescentes, em um fenômeno conhecido por fermentação secundária. A maturação costuma levar de seis a 30 dias, variando de uma cervejaria para outra, em razão da cepa de fermento e do toque pessoal do cervejeiro. Ao término dessa fase, a cerveja está praticamente concluída, com aroma e sabor finais definidos.
Filtração - Depois de maturada, a cerveja passa por uma filtração, que busca a eliminação de partículas em suspensão, principalmente células de fermento, deixando a bebida transparente e brilhante. A filtração não altera a composição e o sabor da cerveja, mas é fundamental para garantir sua apresentação, conferindo-lhe um aspecto cristalino.
Enchimento - O enchimento é a fase final do processo de produção. Pode ser feito em garrafas, latas e barris. A cerveja é basicamente a mesma em qualquer das embalagens. O processo de enchimento não altera as características do produto.
Pasteurização - Logo após o enchimento, é prática comum nas cervejarias submeter a cerveja ao processo de pasteurização, principalmente quando as embalagens garrafa e lata são utilizadas (no barril, a cerveja normalmente não é pasteurizada e, por isso, recebe o nome de chope). A pasteurização nada mais é do que um processo térmico, no qual a cerveja é submetida a um aquecimento a 60 oC e posterior resfriamento, para matar os microorganismos, buscando conferir maior estabilidade ao produto. Graças a esse processo, é possível às cervejarias assegurar uma data de validade ao produto de seis meses após a fabricação. O processo de pasteurização é muito difundido em toda a indústria de alimentos e bebidas, e em nada altera a composição do produto.
Porque é necessário pasteurizar as cervejas?
O Brasil é um país de clima tropical e de território muito extenso. As temperaturas médias na maioria dos estados são altas e as distâncias a serem percorridas para distribuir o produto são grandes, com caminhos que nem sempre são os melhores, provocando muitas vezes agitação constante das garrafas. Esses fatores são inimigos mortais da estabilidade da cerveja. Isso nos leva a pasteurizá-la, visando dar-lhe uma "vida" mais resistente, fazendo com que ela chegue ao consumidor mais distante sem sofrer maiores alterações.
Conclusão - A cerveja é um produto de origem natural, fabricado com água e cereais. Dada à sua condição de derivado de produtos agrícolas, tem sua normatização e controle subordinados ao Ministério da Agricultura, tanto no Brasil como na maioria dos demais países.
CURIOSIDADES

Cerveja de baixa fermentação
A cerveja de baixa fermentação é aquela que foi produzida com um fermento que se sedimenta no fundo do tanque durante o processo de fabricação. Este fermento vive em temperatura fria de no máximo 12 C. Acima dessa temperatura, ele morre.As cervejas brasileiras mais populares são as de baixa fermentação, são as tipo Pilsen.

Cerveja de alta fermentação
A cerveja de alta fermentação é aquela que foi produzida com um fermento que fica em cima do líquido, dentro do tanque, durante o processo de fabricação. Este fermento vive em temperatura ambiente.

A água é um dos determinantes principais da qualidade do paladar da cerveja.

Cerveja de médio teor alcoólico
É considerada cerveja de médio teor alcoólico aquela que possui de 3.0 a 5.5 ml de álcool para cada 100ml de cerveja.

Cerveja tipo Pilsen
Pilsen é a cerveja com baixa concentração de íons de cálcio e magnésio.

Cerveja Extra
É uma cerveja que tem uma quantidade mais alta de açúcar para ser fermentado. Esta alta quantidade proporciona um teor alcoólico ligeiramente mais elevado, um paladar de malte mais acentuado e um amargor um pouco mais carregado devido maior dosagem de lúpulo.

Diferença da cerveja da garrafa e a cerveja do barril
A cerveja de garrafa é pasteurizada e recebe antioxidante (vitamina C), ao contrário da cerveja do barril, mais conhecida como chopp.

Cerveja e Gastronomia
Uma questão de harmonia
A história da combinação de sabores das cervejas com os alimentos, de certa forma, sempre caminhou lado a lado com a própria história da bebida. Na Idade Média, a Bélgica tornou-se o centro do comércio de especiarias para o norte da Europa. A facilidade de acesso a esses produtos com certeza ajuda a explicar a razão pela qual as pequenas cervejarias do país passaram a incorporar alguns temperos e frutos exóticos à receita da bebida. O uso de gengibre, aniz, coentro, casca da laranja, pimentas aromáticas e outros temperos aumentaram ainda mais as possibilidades à disposição dos apreciadores da bebida. E ampliaram as variedades de sabor que o próprio processo de produção já conferia à cerveja. É importante levar isso em conta quando o assunto – é a harmonização da cerveja com os pratos servidos à mesa.
A escolha de uma boa cerveja – e sua combinação com os alimentos – deve levar em conta, em primeiro lugar, a semelhança ou o contraste do sabor da comida com o da bebida. Os sabores devem ser complementares – um jamais deve se sobrepor ou ofuscar o outro. Para se chegar a isso, o ponto de partida é o aroma, um dos mais importantes atributos da cerveja. As pessoas que se interessam pela cerveja com o tempo conseguem identificar na bebida o aroma das ervas e do malte presentes na receita – e é justamente essa identificação que permitirá uma combinação adequada com a comida a ser servida.
De qualquer maneira, algumas combinações já foram testadas por muita gente e tornaram-se consagradas. Veja alguns exemplos:

Cervejas do tipo Pilsen, vão muito bem na companhia de aperitivos, de carnes vermelhas e de pratos orientais. As que são elaboradas com uma quantidade maior de lúpulo, como a Serramalte, vão muito bem com os pratos mais condimentados.

As cervejas Light acompanham bem as saladas e as carnes brancas.

As Weiss se adequam muito bem aos frios, aos defumados e aos pratos da cozinha alemã.

As Stout ficam perfeitas com ostras, mariscos e crustáceos. Elas também fazem boa companhia ao chocolate.

As cervejas do tipo Ale, de tonalidade avermelhada (são mais escuras do que as do tipo Pilsen e mais claras do que a Malzbier) acompanham bem as carnes vermelhas e os pratos mais condimentados.

As cervejas Lambic vão bem com bolo de chocolate ou de frutas. O mesmo vale para todas as cervejas mais escuras, feitas com malte torrado.

As do tipo Schwarzbier têm aroma com notas de toffe e maltes torrados. Sua espuma é cremosa e incorpada.

As cervejas do tipo Abadia ficam perfeitas na companhia de carnes mais tenras e de sabor mais suave, como as de coelho, de vitela e de pato.

A bock é uma cerveja forte, escura e só é produzida durante a primavera e o outono. Tem baixa fermentação e combina com pratos quentes mais pesados e queijos.
 Verdades
Quanto mais nova mais gostosa. Ao contrário do vinho, quanto mais jovem, melhor a cerveja e, consequentemente, o seu sabor. A loura gelada não pede envelhecimento e deve ser consumida logo que for produzida.

Armazenar a garrafa sempre de pé. Ao contrário do vinho, a garrafa de cerveja deve ser armazenada de pé.

Colarinho: Tomar cerveja sem colarinho é uma heresia. A cerveja deve ser servida com um colarinho de espuma de 2 a 3 dedos. A espuma faz parte da composição da cerveja e contribui para preservar melhor o aroma e o sabor do produto ao beber. Além disso, o aspecto visual do produto fica muito mais bonito e realça o prazer de saborear uma boa cerveja.

Gordura no copo Resíduos de gordura no copo são fatais para a bebida, acabando com o colarinho e liberando o gás carbônico, o que deixa o líquido com gosto descaracterizado.

Benefício para a saúde: Diversos estudos publicados em importantes veículos independentes, comprovam que o Consumo Moderado de Cerveja pode trazer uma série de benefícios. A cerveja é antes de tudo um produto que historicamente é consumido em momentos de celebração.
Mitos
Cerveja engorda? Esta é uma das maiores dúvidas dos apreciadores da “loura gelada”. Na mesa de um bar, é comum ouvirmos falar que “cerveja dá barriga”. Pura crendice popular! Não existe uma relação direta do líquido com o aumento da gordura corporal. Uma lata de cerveja tem, em média, 140 calorias, menos do que um suco de laranja, por exemplo.
Cerveja de garrafa é mais gostosa que a de lata? A teoria também se aplica a latinha e garrafa. Engana-se quem pensa que o líquido de uma é diferente do líquido da outra. A cerveja é a mesma e o que pode influenciar no aroma e sabor é o modo como você resfria ou conserva a bebida. A exposição ao sol e calor e o congelamento são grandes inimigos da boa cerveja. Aliás, a melhor maneira de gelar a cerveja é coloca-la na geladeira. O freezer pode ser usado apenas nos últimos minutos antes de beber. Não se deve degelar a cerveja e depois voltar a resfriá-la. A bebida pode ficar “xoca” e com sabor alterado.

O chopp  têm exatamente o mesmo teor alcoólico. A diferença entre o chopp e a cerveja é a pasteurização, que consiste num processo de aquecimento e resfriamento rápido para conferir maior estabilidade microbiológica ao produto. Enquanto a cerveja é pasteurizada para que seu prazo de validade seja mais longo, o chopp não é pasteurizado. Por esse motivo, o chopp tem um prazo de validade menor.

 A cerveja preta, como muitos pensam, não aumenta a produção de leite materno. O que acontece é que, por não ser filtrada, a cerveja do tipo stout como a Caracu, por exemplo, possui levedura, ingrediente que, junto às proteínas de fermento e malte que compõem a bebida, age como fonte de energia.
Quanto tempo dura a cerveja?
As cervejas em garrafas duram seis meses e devem, de preferência, ser armazenadas em lugares frescos, protegidos de raios solares diretos e em pé, reduzindo-se ao máximo possível oxigênio dentro da garrafa. Os barris de cerveja, enquanto não consumidos, devem ser armazenados em câmaras frias, entre 3ºC e 5ºC de temperatura.

Como se deve lidar com o barril de chopp?
O barril deve ser mantido em câmera fria e não deve ser agitado para que não perca o gás. Ele também não deve ser mantido refrigerado porque assim, o chopp não perde a espuma.

Tempo de conservação do chopp.
Após aberto, dura 48 horas. Em câmara fria, dura 12 dias.

O mau uso dos equipamentos pode influenciar no sabor do chopp?
Sim! Periodicamente barris, válvulas redutoras, válvulas extratoras, serpentinas, cilindros de gás e torneiras devem ser limpados, passando por um processo de manutenção e assepsia para que nada possa influenciar o sabor original e perfeito do chopp. A Rede Lig Chopp Germânia proporciona este serviços a todos os seus clientes.

Como deve ser lavado o copo de Chopp?
O copo deve ser lavado com água corrente e sabão neutro. Procure evitar que haja acúmulo de resíduos de gordura no interior e na borda do mesmo.

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